Conversar com as crianças, parece uma árdua tarefa para muitos adultos. Mas calma! Não é difícil, não é moroso. Precisa apenas ter “tato” como dizemos no popular. Usar de boas estratégias. Usar linguagem correta, porém apropriada a idade.

Como pais, como professores, temos o dever de passar informações corretas aos nossos filhos, alunos, crianças e adolescentes.

Como pais, temos um grande papel na formação da personalidade dos nossos filhos. Como professores, nosso papel também é fundamental. Seja sempre exemplo, nas falas e nas atitudes. Crianças e adolescentes se baseiam em fatos reais, naquilo que é possível ver, sentir.

Desmistifique os tabus que carregamos ao longo da nossa vida, para que não sejam perpetuados ao longo da vida das nossas crianças! Converse sobre tudo que a criança/ adolescente trouxer de dúvidas, de anseios, seja relacionado a sexualidade, drogas, violência, relacionamento, ansiedade, depressão. Uma boa conversa, esclarecedora, trará para a criança/ adolescente subsídios para que ela entenda, desenvolva sua criticidade e sua autonomia de pensamento e ação.

Lembro-me de uma situação que passei em meados dos anos 2000. Minha primeira turma de Educação Infantil. Eu ainda estudante de magistério, atuando como professora em uma sala de crianças de 6 anos. Um belo dia, “do nada” (sim, estas questões aparecem assim, de paraquedas, como dizemos no popular…risos) um aluno me diz: “Prô, o pipi do meu pai é grande e cheio de pelos!”  Eu, com o rosto pegando fogo (devia estar parecendo um pimentão!), respondi: “Ah, é!” – já querendo desconversar (risos), quando ele finaliza: “Quero crescer para ter um pipi grande e com pelos também!” Isso se chama descobertas! Do eu, do outro. Curiosidades que fazem com que a criança vá se colocando no meio social. Minha reação, de professora nem recém-formada ainda, sem nada de experiência, não foi uma das melhores. Mas… não foi a das piores também! Sem ação, deixei ele trazer o seu anseio, que não veio em forma de dúvida e sim em afirmação do que queria para si, após o descobrimento. Sempre questione a criança (principalmente as pequenas) sobre o que ela quer saber. Não se prolongue com respostas desnecessárias. Responda a dúvida pontual. Deixe que outras dúvidas surjam e, a partir delas, vá dando as informações.

Vamos a algumas dicas sobre como desenvolver conversas produtivas com nossas crianças e adolescentes!

  1. Utilize histórias – sempre traga uma história (mesmo que inventada!) sobre o assunto. Fale sempre na terceira pessoa, mas se refira sempre a criança. Com base nessa história, deixe que a criança se expresse. Traga suas indagações.
  2. Use de situações cotidianas (são sempre boas oportunidades!) – ao presenciar cenas que dão abertura para reflexões sobre os temas, utilize como meio para fornecer informações. Sejam cenas da televisão, sejam cenas do cotidiano, seja algo visto em uma revista ou em um livro. Use do que a criança/ adolescente está vendo para desenvolver a inteligência emocional, inclusive. Use as palavras corretas. Cuide das expressões. Mostre sempre o lado positivo e negativo, o que desperta, na criança/ adolescente, a capacidade de reflexão e inferência (aprendendo a se colocar no lugar do outro, ou na situação e tendo possibilidades de ação)
  3. Não mude de assunto – Seja claro. Sem mentir. Omita o que ainda acha precoce que a criança saiba, mas jamais dê respostas invasivas ou traga inverdades. Use sempre as perguntas: O que você quer saber sobre isso? ou O que você já sabe sobre isso? Com base nas respostas é possível ser pontual, verdadeiro e não fugir do assunto. A fuga, o “desconversar”, pode trazer a necessidade da criança/ adolescente querer a resposta e procurar por outra pessoa para sanar suas dúvidas. Opte sempre pelo diálogo em casa!
  4. Respeito e empatia – desenvolva o respeito e a empatia. A criança/ adolescente pode até não concordar, mas deve respeitar. Ah, vale a reciproca! Ensine que ele também deve exigir respeito do outro. Se presenciar situações de chacota, bullying, não naturalize! Converse sobre, a fim de não gerar conflitos internos posteriormente.
  5. Diga não – dizer não, não significa ser autoritário. Tenha autoridade, sem ser autoritário. Crianças e adolescentes precisam de regras. Pedem por elas o tempo todo. Ensine até o ponto que podem ir. Mostre a partir de qual ponto não podem seguir. Sempre explique os motivos. Traga os prós e os contras de cada situação. Ensine a ponderar e diga que, a partir daí a decisão ainda é dos pais.
  6. Esteja sempre disponível – sim, pare o que estiver fazendo e converse na hora que a criança/ adolescente solicitar. Isso criará nela a confiança em trazer todas as suas dúvidas. Se, naquele momento não souber responder jamais invente algo. Diga: “vou buscar mais informações sobre e voltamos a falar mais tarde!” – isso é uma boa saída para quando você não souber levar a conversa adiante e precisar de um tempo para avaliar o que irá responder para a dúvida trazida.

Fácil? Nem sempre! Mas produtivo, com toda certeza e para sempre! Deixe com que seus filhos saibam sua opinião sobre os assuntos. Deixe com que eles possam ter caminho aberto para trazer as dúvidas, compartilhar sentimentos. Evitamos, com isso muitas situações negativas na vida da criança e, com certeza, iremos desenvolver uma sociedade mais aberta as reflexões sem os tabus que nossa geração ajudou a perpetuar.

 

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