Mulheres. Mães de barriga. Mães do coração. M.Ã.E.S! Maternidade latente no corpo e na mente. Uma crença coletiva de que todas as mães estão sempre aptas a cuidar de tudo e de todos, de dar conta de tudo e de todos e de nunca dizer não a ninguém.

A culpa pelo tombo, a culpa pela bronca, a culpa pelo leite que não desce, a culpa pela cesárea, a culpa por ter que voltar a trabalhar, a culpa porque ficou resfriado e saiu sem uma touca na noite anterior, a culpa por ter que ingressar na escola, a culpa porque não leu a agenda e tinha recado. A culpa porque fez a comida e ele não comeu, a culpa porque deixou comer demais e está acima do peso… a CULPA!

Sentimento que está enraizado na maternidade, socialmente, há anos e que precisa ser desmistificado, acolhido, dialogado.

Por estes motivos, e por tantos outros que nos permitem sentir culpa 24h por dia, trouxemos a Psicóloga Perinatal e Parental Nadia Morais Saconato para nos acalantar e nos acolher, com dicas para que a maternidade possa ser mais leve e com menos culpa. Será que isso é possível?!

Nádia inicia o nosso diálogo trazendo um pouco de como podemos perceber este sentimento de culpabilidade e como identificá-lo: “Na rotina materna a mulher vai apresentando sentimento de ser incapaz, sentimento de ter errado em suas escolhas ou ações diante do cuidado e criação do filho. Alguns traços que podem sinalizar: se perceber desanimada, infeliz e incomodada com algo que fez e que julgue não estar correto diante do universo materno.” E, muitas vezes estas mulheres se julgam baseadas em padrões sociais que ditam o que é correto ou não na criação dos filhos. Mas, existe receita? Procedimentos? Se acreditamos que as crianças são únicas, são seres dotados de particularidades, singularidades, porque as mães teriam que seguir um “padrão materno”?

Não fomos educadas a elevar nossas benfeitorias, fomos criadas para sermos perfeitas, em um mundo de imperfeições, enaltecendo apenas os nossos “erros” e deixando passar despercebidas as nossas conquistas. “Antes de viver a experiência materna, nós mulheres idealizamos como será a nossa função como mãe. Somado a isso temos muitos valores sociais que colocam a mulher-mãe em um lugar de muita plenitude, como alguém que nasceu para exercer esse papel e então alguém que nasceu sabendo ser mãe. Ocorre que ao viver a rotina real da vida de mulher-mãe, nos deparamos com muitos “não saberes” e com tantas possibilidades de cuidar… afinal não existe um jeito certo. Existe a melhor forma que cada mulher, individualmente, encontrará para exercer o seu papel de mãe. E viver essas frustrações da maternidade idealizada X maternidade possível na rotina como mãe, nos deixa com sentimento de que poderíamos ser melhores, trazendo o sentimento de incapacidade. Questionar os erros pode também estar relacionado a incerteza de que fizemos as melhores escolhas no cuidado e criação do filho”, comenta Nádia.

O que notamos, também, é que a culpa materna pode interferir nas relações familiares em âmbito geral! “Viver frustrada pode afetar o equilíbrio emocional da mulher, abrindo espaço para outros sentimentos, como tristeza e insegurança. Dificultando as suas relações, pois ela não estará íntegra e realizada. Sua preocupação é com a perfeição (por ter medo de errar), e deixa de se dedicar com presença e conexão nas suas relações”, alerta Nádia. Diante desse sentimento a mulher-mãe precisa estar em constante diálogo com seu par, com seus familiares, criando possibilidades de expor suas ansiedades e preocupações, que dão origem ao sentimento de culpa. Fortalecer a rede de apoio, dividindo os cuidados com quem possa acolher a criança e a família, afinal a criança é um ser social e, seus cuidados e sua educação, não são responsabilidades única das mães e sim de toda uma rede!

O que ocorre, muitas vezes, é que as mulheres-mães calam o sentimento, vão morrendo por dentro e, somando-se a isso, deixam de exercer seus demais papéis sociais, como o papel de mulher e o papel da mulher profissional. A anulação, a mortificação desta mulher pós maternidade é, sem dúvida, um anseio a ser olhado com acolhimento. Muitas delas não se veem mais exercendo outros papéis senão o materno! Nádia explana a relação mulher-mãe X mulher-profissional: “Exercer a maternidade e os outros papéis sociais pode gerar angústias e preocupações que levam ao sentimento de culpa. É preciso acolher a realidade de ter que exercer o papel profissional e nesse caso o(s) filho(s) receberá(ão) menos atenção da mãe. Aceitar e entender o fato de que a vida profissional também é muito importante para a formação dessa mulher e isso traz muitos benefícios para a sua relação com o filho e com a sua família, mostra a ela que ela está fazendo algo que lhe dá satisfação. Acolher e olhar para os benefícios que o trabalho lhe traz é um bom caminho para deixar a culpa de lado.”

Outro fator a ser considerado é a anulação feminina, que muitas mulheres passam no pós maternidade. Muitas delas deixam de se olhar como mulher, param de se cuidar, de se amar, de se valorizar. “Sempre que a mulher sente necessidade de fazer algo por ela, ou seja, investir sua energia e tempo em algo a seu favor, o sentimento de culpa surge. O medo de ser julgada por outras mulheres ou pessoas também aparece de modo muito forte. E nesse sentido, muitas mulheres deixam de fazer algo por elas para se dedicar exclusivamente aos cuidados com filho”, comenta Nádia.

E, você que leu até aqui, deve estar se perguntando: O que devo fazer para me resgatar enquanto mulher após a chegada dos filhos? Nádia nos dá uma “luz”!

“A melhor forma de cuidar desse sentimento é identificar e caracterizar quais atitudes e escolhas maternas são possíveis para a sua realidade, sem se comparar com outras mulheres. Depois de acolher a sua maternidade possível, a mulher encontrará um certo alívio. Dialogar com pessoas de confiança, da sua rede de apoio, e com outras mulheres-mães também é um ótimo remédio. E se estiver pesando mais do que você suporta, procure por ajuda profissional.”

E se você tiver dúvidas sobre qual profissional escolher para lhe ajudar a compreender este sentimento de culpa materna, busque pela área da psicologia perinatal, ou seja, profissionais que atuam com demandas da mulher ou do casal, que optam pelo desejo da maternidade e trazem indagações a respeito das relações de maternidade, como as que trouxemos neste texto.

Culpa materna não é desculpa! Toda mulher precisa se compreender dentro deste novo papel, aceitando suas limitações, enaltecendo suas vivências e não se esquecendo de viver o seu feminino com plenitude!

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