Explicar para as crianças que, pessoas morrem, animaizinhos morrem, não é uma tarefa muito fácil, porém necessária. Assim como falamos do nascimento precisamos falar da morte! A morte, a ausência, é muito abstrata para as crianças. Então, como fazê-las entender a ausência permanente?

Até os três anos de idade é muito difícil a criança entender a diferença de seres vivos e não vivos. Por este motivo não conseguem compreender a morte. Dos quatro aos seis anos, a criança começa a perceber a morte como uma partida, porém não compreende a partida como algo definitivo, ainda acredita que a pessoa/animal retorna, como se fosse um período de férias ou um sonho. Dos sete aos nove anos, a criança começa a compreender a morte como a ausência definitiva, porém o conceito “para sempre”, ainda é difícil de aceitar, aparecendo, neste momento, sentimentos como ansiedade, insegurança, tristeza, sendo uma defesa e negação da morte. Entre dez e doze anos de idade, a morte passa a ser tratada com certa “indiferença” o que na verdade esconde o sentimento de negação, para não mostrar aos demais que sofre e sente a partida, associando que se mostrar os seus sentimentos será visto como infantil.

A morte é algo inevitável e, falar sobre ela também! Falar com clareza, sem metáforas, trará segurança e confiança para a criança que, muitas vezes, entende a morte como algo mágico e passageiro, pois assim visualiza em filmes, histórias, quadrinhos. Jamais utilize termos como “sono eterno”, “viagem eterna”, pois a criança irá associar ao sono ou a viagem realizada por ela/ pela família.

Diálogo é essencial! Permita a pergunta das crianças, acolha o sentimento, ajude-a nomear o que sente. Permita o chorar, o chorar junto. Traga para perto, escute e explique, mesmo que ela não entenda, naquele momento, permita que ela passe pelo luto. Seja sempre autêntico com os seus sentimentos, para que a criança também sinta segurança no que sente e na pessoa que busca para desabafar. Jamais diga que está tudo bem, se não está. A criança faz a leitura do corporal e visualizará que a boca fala diferente do que o corpo está sinalizando.

O questionamento para onde vai o “corpo”, a pessoa / animal é sempre um dos questionamentos presentes quando a criança vivencia a morte. Jamais ignore as perguntas, trate com naturalidade e não perpetue tabus que foram perpetuados com a sua história. Quebre os tabus neste momento!

Por aqui, a morte dos animais de estimação, já foram vivenciadas e questionadas, antes mesmo dos 3 anos de idade. O cachorro de estimação dos avós morreu. O choro e a dor foram inevitáveis! E, por vivenciar a dor dos adultos, Bia questionou o motivo do choro. Sentei e disse que o Toy estava doente e, os remédios que ele tomava não conseguiram fazer ele ficar bem e ele morreu. Que foi morar no céu e virou uma estrela muito brilhante. A acolhida, até pela idade, foi bem aceita. Passados alguns meses, o passarinho morreu. E, na mesma hora que nos viu chorando, já disse: ele virou estrela como o Toy, lá no céu! Assim também foi com seu peixe. Desta vez ela chorou. Foi consolada. Dissemos que entendíamos a sua tristeza, mas que ele não voltaria mais. E, mais uma vez, ela finalizou dizendo que ele também havia virado uma estrela e, em dias de céu estrelado, nomeia as estrelas com o nome dos animaizinhos que se foram. Neste momento cada família irá abordar da forma como mais lhe convém, como mais acredita, até porque este assunto se remete muito à crença de cada um.

O que objetivamos com este texto é a reflexão, verdadeira, sobre um assunto inevitável na vida de todos. Ser verdadeiro, criar vínculos de confiança a fim de que a criança se sinta acolhida e respeitada, podendo perguntar e ter respostas, a faz crescer de maneira segura. Não omita informações. Responda aos questionamentos de acordo com a idade da criança, sem fantasiar ou desconversar. Acolha, sempre!

Deixamos um vídeo para ajudar as crianças a compreenderem este momento de maneira lúdica – O dia em que o passarinho não cantou

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