Episódios de medo, que carregamos desde nossa infância, são, muitas vezes, sadios. Sim, o medo regula nossas atitudes, nos fazendo pensar antes de agir. O que vamos abordar neste texto, são os medos que ficam instalados em nosso emocional e estão além da normalidade, ou seja, ameaçam nossas forças emocionais, nos impede de agir em momentos oportunos, causando bloqueios.

Durante nossa trajetória de vida vamos desenvolvendo medos que são passíveis de entendimento e fazem parte da nossa aprendizagem. A criança tem medo do escuro, passa a ter medo de personagens, tem medo de altura, medo de ficar sem os pais… O medo do desconhecido, que quando amadurecido tem sua aprendizagem interiorizada e deixa de ser aquele medo medonho! Já, outros medos, que não tivemos a oportunidade de trabalhar positivamente na infância, vão ser perpetuados na fase adulta e, até chegar nessa “perpetuação” eles vão gerando desconforto emocional, físico e social.

O medo, muitas vezes causa ansiedade, fobias, pânico. São, em muitos casos, acompanhados de desconfortos biológicos como dor de barriga, ânsia de vomito, palpitação. Crianças não sabem descrever o medo. Não conseguem verbalizar o que causa tamanha aflição. Outras vezes até verbalizam, mas são ignoradas pelos adultos.

Sem perceber, nós adultos, também transferimos nossos medos para as crianças. O medo de cachorro, o medo da altura, o medo do escuro. O medo que a criança caia. O medo gerado pela ansiedade de separação. Neste momento, nós adultos precisamos compreender que a ajuda precisa ser buscada para nós. Não podemos influenciar a criança com nossos medos e com nossa história! Devemos encorajar a criança, desmistificar os medos que vão sendo apresentados por ela. Sentar, ouvir, dialogar. Fazer-se presente, sendo o ouvido que acolhe e a mão que fornece segurança.

Mas como podemos saber se, de fato, os medos que a criança apresenta vão além da normalidade? O ideal é observar se o medo atrapalha a rotina da criança. Se ela deixa de brincar, de interagir diante do medo. Se apresenta sinais biológicos quando o medo está presente. Um profissional da área da psicologia infantil é fundamental nesses casos! Ele tem todo conhecimento acadêmico para nortear a situação e, com mecanismos adequados, fará uma avaliação e um tratamento de intervenção para que a situação seja modificada.

Deixamos, a seguir algumas reflexões para que você adulto mediador, esteja sempre atento ao medo infantil, sabendo agir de maneira positiva diante das angústias da criança.

  1. Seja o ouvido que acolhe e a mão que gera segurança! Ouça, acolha, deixe a criança o mais à vontade possível para expressar seu medo.
  2. Jamais banalize o medo da criança! Não minimize a dor. Ouça, reflita junto. Sem menosprezar o que a criança sente.
  3. Nunca use o medo da criança como algo punitivo contra ela.
  4. Em situações de medo, peça para a criança eleger um objeto de apego que possa ser confortante para ela na ausência do adulto de confiança. A ida para a escola, a ida ao médico, situações que deixam a criança mais ansiosa e insegura. Nestes casos, o objeto de apego será uma fonte de segurança transicional, até que a criança gere confiança neste novo ambiente, nestas novas pessoas.
  5. Fale a verdade sempre. Existem medos reais que causam perigo. Como por exemplo, a altura: a criança precisa entender que altura gera perigo. Não mistifique. Permita que a criança construa noção de perigos reais que podem gerar situações negativas.

Olhar atento. Ouvido sempre aberto para acolher. Mãos que seguram mãos e que geram confiança. Abraço que acalanta. Estar presente, de corpo, de alma.

A segurança é construída através de vínculos que se fortificam. Crie vínculos. Gere confiança. Medo é sadio se passageiro. Se perpetuado procure um profissional da área de psicologia para avaliação e suporte.

Que possamos, através das nossas atitudes, empoderar nossas crianças. Que elas cresçam conscientes de seus medos, enfrentando-os com coragem!

E você que está nos acompanhando, tem medos que você carrega desde a infância?

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