Pais e mães estão sempre “sofrendo” com frases prontas e de efeitos, com “palpites que não pagam boleto” e deixando as famílias confusas e chateadas.

É um tal de “ele(ela) precisa de um irmãozinho, senão vai crescer mimado”, “Quem tem um, não tem nenhum”, “Nossa, mas você vai dar chupeta?”, “Nossa, tão grande e ainda amamenta?”, “Já vai colocar na escola, que judiação, tão bebê”, “Babá? Não tem onde colocar dinheiro mesmo!”, “Vai deixar com a avó? Ela vai estragar”, “Vai parar de trabalhar só porque teve filho?”

Estes e tantos outros palpites que jamais irão mudar a rotina de nenhuma família, afinal de contas, cada uma tem sua organização, tem um porquê e para quê, tem suas necessidades, desejos e perspectivas.

Nenhuma verdade é absoluta quando se fala em criação de filhos. Não existe receita pronta, nem tampouco um manual a ser seguido.

Mas, obviamente que alguns mitos podem ser desvendados se pararmos um pouco para refletir, pesquisar, analisar e nos permitir mudar de opinião, se assim for necessário.

Vejamos alguns dos mitos que podemos elencar e buscar auxilio, se necessário:

1.Criança gordinha é sinal de saúde e criança magrinha é sinal de doença: sofri muito com esse pré-julgamento durante toda a minha vida! Ser magrinha sempre pareceu, aos olhos dos outros, fragilidade, doença. Até na minha gravidez questionavam meu peso! Na adolescência, juventude, fui até buscar opinião médica, como se meus pais nunca tivessem sido cuidadosos comigo durante toda a vida! Mas, aquela fase de adolescência, de querer engordar e ter um “corpão” aos olhos da sociedade. Ouvi do endocrinologista, após os exames “Você faz parte daquela parcela da população que come “bem”, não engorda e tem saúde para dar e vender!” Hoje, perto dos quarenta, dou graças a Deus em fazer parte desta parcela, mas quantos anos me questionei por ser magrinha? Quantas crianças não crescem ouvindo que são gordinhas ou magrinhas? Cuide da sua língua para não ferir uma criança ou uma mãe/ pai, com comentários maldosos e desnecessários!

2. Não quis ser mãe? Agora aguenta! Como se mãe não pudesse se cansar, não pudesse esmorecer, não pudesse chorar. A gente cansa da rotina e não de ser mãe e de ter filhos. Mas a sociedade é cruel com as mães! As que tem um filho, são questionadas se não terão outro. Se tem mais de um filho, questionam porque ter vários, num “mundo como esse”! Está cansada? Peça ajuda. Quer ter um filho só, ninguém tem nada com isso, afinal a decisão é do casal! Quer ter um “time de futebol”? Manda ver que ninguém paga seus boletos! Observe que a sociedade tem sempre um questionamento para fazer o outro se depreciar.

3. Filho bom é filho obediente! Opa?! Filho bom é aquele que tem um bom relacionamento com os pais e com os demais. Que sabe ouvir, questionar, criticar e mudar de opinião. Que sabe refletir. Dê a criança e ao adolescente subsídios para que entenda que o diálogo é a melhor opção sempre! Que a opinião dele será ouvida e respeitada. Isso os fará crescer confiantes, autônomos e responsáveis pelos seus atos. Obediência não é sinônimo de passividade. Obediência precisa ser sinônimo de diálogo, respeito e parceria.

4. Amor demais estraga, viu?! Amar não significa dialogar sobre limites. Amar significa crescer junto, construir junto, aprender junto. Ninguém sofre na vida por ser amado. Ao contrário, vemos muitas pessoas sofrerem de problemas emocionais por não se sentirem amadas. Amar significa acolher, ouvir, ceder. Quem ama corrige, dialoga. Amar não é ser permissivo sempre. Amar é saber ponderar e o ponderamento está intimamente ligado às perspectivas familiares.

O que pretendemos com essa leitura é permitir a reflexão. Toda família tem o direito de criar seus filhos dentro dos pressupostos que acredite, sem que palpites externos interfiram em suas ações.

Logicamente que, existem dicas, exemplos e ações que nos fazem aprender e nos sãos benéficos. Porém é de livre arbítrio dos pais a escolha de seguir ou não o que lhe indicam e, é de bom tom, oferecer palpites somente quando eles são solicitados.

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