Aquele aconchego que remete à família, aos pais, à mãe, ao lar. Aquele objeto que pode ser “útil” para a criança por alguns meses, ou até anos. Mas não é somente um objeto físico, pode ser uma parte do corpo da mãe ou do pai, também.

Muitas crianças se apegam a algo para acalmar, para sentir acalanto, segurança. Vale acarinhar o cabelo da mãe, segurar a orelha, apertar o cotovelo. Segurar um paninho, um ursinho, uma naninha. Um cobertor, que tanto ser utilizado, vira um paninho (risos), ou um brinquedo que se for perdido, é problema na certa!

O primeiro relato, do termo “objeto de transição” é datada de 1953, quando o pediatra e psicanalista Donald Winnicott. Ele sugere que, nos primeiros meses de vida, a criança acredita que ela e a mãe são um único ser, inseparável. Isso se dá devido ao cuidado materno, a dependência da criança à mãe.Com o passar dos meses, o bebê passa a entender que é um ser único, notando a separação. Neste momento, um objeto que lembra a mãe, traz seu cheiro, remete aos cuidados maternos, é muito importante para dar à criança o aconchego e segurança para seguir seus dias.

Algumas crianças passam por este momento de maneira mais tranquila, usando o objeto de apego apenas na primeira infância. Outros carregam o objeto por um tempo mais longo e, precisam de apoio psicológico para entender que, a importância, relevância, do objeto, já não é mais necessário.

Dormir sozinho em seu quarto, ir à escola… São situações que deixam a criança em um novo momento de insegurança e separação familiar, principalmente em relação ao cuidado e segurança materno.

Precisamos entender, respeitar e ajudar a criança a passar por este período de transição, entendendo a importância do objeto e a sua importância para o desenvolvimento infantil emocional.

Ah, mas meu filho(a) não tem esse objeto, não usou, não foi necessário! E tudo bem! Não é obrigatória que a criança passe por esta fase e tenha este objeto. Cada criança, dentro da sua individualidade, sentirá ou não a necessidade deste objeto.

Podemos até incentivar, oferecendo à criança um paninho, naninha. Não necessariamente a criança adotará o objeto. Isso é escolha da criança! Aqui em casa, oferecemos a “naninha”. Porém, Beatriz (hoje com 3 anos e 5 meses) se apegou à uma almofada em formato de pata (desde 1 ano e meio de idade). Compramos outra, igual, afinal a tal “pata” está esfarelando… Não adianta! Ela quer a “pata mole”, ou seja, a que já está murcha, com cheiro e com a sua história impressa!

Este período, a utilização de um objeto de apego é saudável. Permite que a criança acalme sua ansiedade. Na volta às aulas deste ano (2021), a pata fica no carro – fizemos este combinado. Para a escola sugeri que ela levasse uma foto da mamãe – objeto aceito. Cada vez que sentir saudades da mamãe, olha a foto! Segundo ela, teve dias que ela “não teve tempo de pegar a foto” – achei um máximo essa explicação!

Na segunda semana de aula, usamos uma “tática” diferente! O objeto de transição foi, cuidadosamente, desenhado na mão da Bia e da mamãe. Um coração: na mão da mamãe o coração da Bia estava desenhado. Na mãozinha da Bia, o coração da mamãe estava desenhado. Assim, quando a saudade apertasse, era só beijar o coração da mãozinha.

Nesta situação, usamos uma parte do corpo e um desenho, para acalmar a ansiedade de separação.

Em parceria com a professora, expliquei o uso da foto e do coração na mãozinha! Prontamente fui muito bem recebida! A professora relatou que Bia já havia explicado o uso de ambos e que ela achou “uma graça” a explicação e a aplicabilidade. Disse que tem acalmado nos momentos de choro e, que sabe a importância deste “artificio” no período de adaptação escolar.

Quanto à pata… as vezes é necessário lavar! É um momento de “tensão”, afinal o cheiro se perde. A espera por secar é “dolorosa”. Mas sempre explico o motivo: está suja, muito suja!

Sei que o tempo irá decidir quando o objeto de transição não será mais necessário.

Sem pressa, sem crise, sem expectativas. O tempo irá fazê-la amadurecer e não sentir mais necessidade da sua utilização.

Agora, se o objeto de transição estiver atrapalhando o convívio social, se for motivo de mais ansiedade quando não estiver com ele, procure ajuda de um profissional da área de psicologia infantil.

Tudo ao seu tempo, com respeito à criança.

E por aí? Você tem histórias de objeto de transição? Compartilhe conosco!

 

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