Tchau  chupeta: A Despedida que Doeu Mais na Mãe

Dar tchau para a chupeta parece uma situação tão simples, aos olhos de muitas mães, pais, de muitas famílias. Mas aqui, eu, mãe, sofri!

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Cartinha e bilhete para a fada chupeta, em cima da cama, com uma caneta.

Imagem de Arquivo Pessoal (não autorizo a reprodução)

Dar tchau para a chupeta parece uma situação tão simples, aos olhos de muitas mães, pais, de muitas famílias. Tira da criança, esconde, joga fora, troca por um brinquedo, um passeio.

Quem ofereceu essa chupeta? Os pais, certo? Criamos, uma dependência, que por muito tempo acalantou, acalmou, foi companhia, afago… E, de repente, plim! Ela some!

Não, isso não funciona, ou até funciona, mas não aqui, na minha casa!

Eu dei, eu insisti, eu ajudei nessa dependência. Eu, na minha infância, também fui dependente, por longos 11 anos… foi um tal de dar para o Papai Noel e ele ter que devolver, que valei-me!

Lembro, com sofrimento, das vezes que tentei me separar da minha chupeta e o quanto sofri. Como profissional da educação, já fui acionada por muitas famílias, ao acolher a criança na porta da escola: “Depois que ele/ ela entrar, você guarda a chupeta na mochila?” – pediam muitas famílias. “Eu? Jamais! Não fui eu quem deu, não serei eu a tirar!” – era sempre minha resposta. Hoje, como mãe, não serei eu a tirar… embora fui eu quem tenha oferecido!

A hora de dar tchau para a chupeta começava a se aproximar

Os dentes começaram ficar tortos, além de outros problemas na face que foram surgindo… A hora de dar tchau para a chupeta começava a se aproximar. Como mãe-pedagoga, comprei livro de história para incentivar, pedi ajuda para a psicóloga, da filha e da mãe (risos) e, combinamos que quando fossemos fazer os exames para preparar o aparelho ortodôntico, ela iria escolher como se despedir. O livro, que ficava na estante do quarto, apareceu na arrumação e, ela leu! Escolheu dar para a “fada da chupeta”, com uma cartinha.

A mãe, que vos escreve, simplesmente, esmoreceu! A carta estava pronta, debaixo do travesseiro, com a chupeta e o dente, que também havia caído (sido arrancado por ela) no mesmo dia, no dia seguinte ao dia que fizemos o exame para preparar o aparelho – 10.07.2024.

“Filha, você ainda tem uns dias para se despedir, o aparelho vai demorar a ficar pronto!” Que belo “incentivo”, né?  Mas, EU, mãe, não estava preparada para essa fase se encerrar, para encarar que a minha “bebê” cresceu, tinha escolhas e as fazia com maestria. “Ah, mãe, então vou dormir com ela, a fada busca o dente e depois ela busca a chupeta!”

Ufa, ganhei mais umas horas para pensar, para digerir, para chorar escondido, para amadurecer a minha história, com a minha chupeta e, mais uma vez pedir socorro para as minhas “fadas da emoção” – a minha psicóloga e a da minha filha.

Ambas, acolheram nossas emoções nos dias que se seguiram… Eu, mãe, lógico que estava mais insegura que a criança que, feliz, esperava a fada vir buscar a chupeta. E, em 13 de Julho, ouvi: “Hoje, dia 13 de julho de 2024, será o dia que eu vou dar minha chupeta e a fada irá buscar. Dormirei com ela, e acordarei sem ela!”

Essas foram as palavras e, com um pedido final: “Mãe, depois que eu dormir você tira uma foto minha, com a chupeta, para guardar de recordação?” Fui dormir chorando, num misto de orgulho pela firmeza da decisão da minha filha que, com 6 anos e 10 meses tomou uma decisão super consciente e, triste em ver que ela cresce tão rápido…

Fases, muitas que já se foram, muitas que ainda virão…

E quem disse que nós, como mães, precisamos ser fortes sempre? Nós precisamos nos acolher. Acolher nossos medos, as despedidas que vão vindo a cada nova fase, a cada nova conquista e, nesse emaranhado de emoções, observar nos detalhes, o quando estamos fortificando nossas crianças nas tomadas de decisões!

Ela ainda não sabe, mas vai ganhar um presente, não como troca, mas como um incentivo para essa nova fase que se inicia. Vamos aproveitar este presente como um “objeto transicional” e, junto com as psicólogas, vamos nos encontrando nesta nova jornada.

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