Fé: como incentivá-la desde a infância

Fé, uma palavra de grafia tão pequena e com um valor intrínseco imenso! A fé não pode ser imposta. A fé pode ser incentivada.

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Criança demonstrando sua fé, orando, rezando, de joelhos no chão.

Imagem Gerada por IA

Fé, uma palavra de grafia tão pequena e com um valor intrínseco imenso! Quando buscamos o significado da palavra fé no dicionário, nos deparamos com palavras sempre de cunho positivo: convicção da existência de algum fato; credulidade; fidelidade a compromissos e promessas; confiança; crédito; confirmação de algum fato; comprovação; corroboração; validação.

Fé vai muito além de religião

Fé vai muito além de religião. A fé está intimamente ligada a crer em algo ou alguém, porém transcende “placas” que denominam um conjunto de pessoas que se encontram em algum lugar para orar, rezar, meditar… Fé é crer! Fé é ter a certeza de que a existe algo ou alguém por nós, que nos capacita, zela por nosso corpo, pelo nosso espírito, pela nossa alma. Fé é crer em algo que não se pode ver ou palpar, na maioria das vezes.

E como incentivar a fé desde a infância? Crianças são concretas, precisam da visibilidade, do palpável. Contudo crianças também possuem imaginação, compreendem mistérios de maneira mais fácil que nós, adultos.

A fé não pode ser imposta

A fé não pode ser imposta. A fé pode ser incentivada.

Não devemos, também, atrelar a fé a algo punitivo! “Ah, se você não me obedecer o Papai do Céu vai ficar triste!”  Quem nunca ouviu alguém dizer isso para uma criança?! Associar a fé, a credulidade, com algo pesaroso, não irá fazer a criança ter bons olhos para este tal papo de fé! Oras, ela lá vai querer acreditar em algo punitivo? Jamais!

Como fé transcende as barreiras da religião, trouxemos neste artigo, a contribuição de alguns líderes religiosos que nos ajudarão (e como ajudaram!) a elucidar a importância de incentivar a fé desde a infância.

A fé sob alguns olhares

Geraldo Campetti Sobrinho, vice-presidente da Federação Espírita Brasileira (FEB), comenta que “é no período infantil o momento mais propício para a educação, incluindo a educação moral. Temos a oportunidade de auxiliar na formação do caráter das crianças de forma notória através dos exemplos, sendo os exemplos dos pais, fundamental. A convivência saudável, uma relação amistosa e fraternal, são bons exemplos para as crianças. Além da importância da orientação, estarmos próximos das crianças, demonstrando na própria convivência a naturalidade do comportamento. Se os pais têm fé, através do convívio com a criança, esta será compartilhada. No caso do Espiritismo, a criança pode, desde pequena, participar do evangelho no lar, além de poder ser encaminhada para a evangelização espírita infantil.”

Conversamos, também, com o Edney Miranda Lima, Pastor da Igreja Adventista do Sétimo Dia, que trouxe sua contribuição para nossa reflexão: “Penso que o principal fator de influência na formação de uma criança é o exemplo. Portanto, a melhor e mais eficaz maneira de incentivar a fé é sendo um exemplo de exercício da fé. Não tem como requerer fé de uma criança quando ela não tem um padrão a “imitar”. Além do exemplo, de forma mais prática, incentivar a fé requer um trabalho diário de dedicar momentos do dia para atividades voltadas à religião. No caso de pais cristãos, lerem a Bíblia (sugiro leitura de bíblias com linguagem própria para a criança), oração e cânticos. É importante também ao longo da rotina procurar relacionar eventos do cotidiano com temas ligados à fé. Por exemplo, ao contemplar imagens da natureza lembrar a criança quem é o criador de tudo aquilo e como Ele sustenta tudo pelo seu poder. Vale também dizer que o incentivo é um investimento da família na educação cristã. Ou seja, da mesma forma como os pais investem em seus filhos pagando cursos, escola, aulas esportivas, entre outras coisas, é necessário que empreguem recursos, quando necessário, como incentivo à fé. Adquirindo materiais apropriados para a idade da criança relacionados a religião e a fé.”

Guilherme Franco Octaviano, Padre da Igreja Católica Apostólica Romana, também deixa sua reflexão sobre o tema: “Os pais empenham-se em oferecer o melhor para os filhos: valores, educação, roupas, brinquedos. Mas a fé também é essencial, não apenas pela questão religiosa, mas por que a fé é o caminho pelo qual a criança pode se tornar no futuro uma pessoa de bem, empática, justa. Para incentivar as crianças neste caminho, o exemplo dos pais é fundamental. Eles são os primeiros e melhores iniciadores. Infelizmente, muitas crianças chegam sem ao menos saber recitar as orações mais fundamentais. A criança precisa ser ambientada desde cedo na comunidade à qual a família pertence. Deixem-na brincar, correr pela igreja, é o jeito dela.”

Notamos que, os três líderes religiosos que aceitaram colaborar com nosso texto, possuem a mesma vertente de pensamento: a importância do EXEMPLO!

Deixar com que a criança aprenda de forma natural, ou seja, vivenciado o que ela vê, dentro do seu lar, fará com que ela compreenda e desenvolva a sua fé.

A fé o desenvolvimento infantil

E por falar em crianças, não podemos deixar de falar da fé atrelada ao desenvolvimento infantil. Fase em que a criança está adquirindo novos conhecimentos, amadurecendo suas habilidades cognitivas, motoras, sua fala. Estabelecendo sua maturidade emocional. A fé pode, então, ter sua importância relevante no processo de desenvolvimento infantil? Vejamos o que Geraldo, Edney e Guilherme nos têm a dizer!

Pastor Edney comenta que “no Pentateuco, nas escrituras, encontramos diversas orientações e mandamentos do Senhor ao povo de Israel quanto a instrução religiosa de seus filhos. As crianças hebreias eram desde muito cedo doutrinadas nos costumes, leis e tradições do judaísmo. Essa formação religiosa fazia toda diferença no desenvolvimento do caráter da criança. Uma educação baseada nas escrituras e leis de Deus não somente transmitem valores morais duradouros mas influenciam todas as áreas de nossa vida. O evangelho nos torna pessoas melhores, pois, o propósito final da redenção é nos tornar parecidos com Cristo. Quando uma criança é educada com base no evangelho ela aprenderá a ser um filho(a) melhor. Um aluno(a) melhor na escola. Um amigo(a) melhor para seus colegas e, no futuro, um adulto melhor. Penso que só uma forma de desenvolvermos um caráter igual ao de Jesus: através do evangelho. E esse evangelho quando aplicado desde cedo na educação de nossos meninos e meninas terá efeitos duradouros.”

Padre Guilherme ressalta que “a fé é importante para o desenvolvimento infantil pois, incentiva a esperança e também o interesse que elas têm em relação ao que ainda não conhece e que não vê. Além do mais, o ambiente religioso favorece a socialização, pois é um ambiente no qual a criança vai conhecer e se relacionar com outras crianças.”

Geraldo, encerra nossa reflexão, de modo a acrescentar o que Edney e Guilherme já expuseram: “A criança, desde pequena, vai adquirindo segurança em suas ações, no convívio com seus pares, com outras crianças, com os familiares, com os pais. É importantíssimo que ela desenvolva a fé no sentido de confiança. E também de uma certeza que ela vai adquirindo, gradativamente, na medida em que vai tendo os exemplos, que parte inclusive, da relação familiar. A fé dá uma segurança, transmite confiança, para que se forme a autoestima. A criança também tem seus problemas, tem as suas inseguranças, até mesmo depressão. Por isso a fé, que não é só uma crença, ou acreditar, mas a própria certeza de que algo existe que nos dê suporte, nos dê apoio, como a espiritualidade superior, Jesus, os amigos espirituais, o anjo protetor, Deus… isso vai fazer toda diferença. Porque precisou de um apoio, de um suporte, vai ter isso no momento em que for necessário!”

Sou muito grata pela colaboração do Geraldo, Edney e Guilherme. Por nos permitirem refletir sobre um tema tão importante para nossa existência, para nosso desenvolvimento enquanto seres humanos! A fé é universal! A reflexão trazida por eles, é congruente! Sejamos, então, exemplos para nossos filhos. Que possamos permitir que nossas crianças cresçam “em sabedoria, estatura e graça”, como encontramos nos registros sagrados, que possamos desenvolver, como pais, nossa dose de responsabilidade no incentivo da fé das nossas crianças!

(Republicado em 03.09.2024 – primeira publicação em Fevereiro de 2021)

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